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Campinas, São Paulo, Brazil
Psicólogo Clínico Junguiano com formação pela Unicamp, terapia corporal Reichiana, Hipnoterapeuta com formação em Hipnose Ericksoniana com Stephen Gilligan.E outras formações com Ericksonianos: Ernest Rossi, Teresa Robles, Betty Alice Erickson. Formação em Constelação Familiar Sistémica pelo Instituto de Filosofia Prática da Alemanha. Uma rica e inovadora terapia divulgada em toda Europa. Professor de Hipnoterapia, além de ministrar cursos de Auto-conhecimento como Eneagrama da Personalidade e Workshop de Constelação Familiar Sistémica em todo o Brasil. Clínica em Campinas-SP. Rua Pilar do Sul, 173 Chácara da Barra. Campinas-SP F.(19) 997153536

Uma relação de ajuda

Como é bela, intensa e libertadora é a experiência de se aprender a ajudar o outro. É impossível descrever-se a necessidade imensa que têm as pessoas de serem realmente ouvidas, levadas a sério, compreendidas.
A psicologia de nossos dias nos tem, cada vez mais, chamado a atenção para esse aspecto. Bem no cerne de toda psicoterapia permanece esse tipo de relacionamento em que alguém pode falar tudo a seu próprio respeito, como uma criança fala tudo "a sua mãe.
Ninguém pode se desenvolver livremente nesse mundo, sem encontrar uma vida plena, pelo menos...
Aquele que se quiser perceber com clareza deve se abrir a um confidente, escolhido livremente e merecedor de tal confiança.
Ouça todas a conversas desse mundo, tanto entre nações quanto entre casais. São, na maior parte, diálogos entre surdos.
Paul Tournier.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

EMDR em Campinas

EMDR é uma nova terapia, especialmente útil para a transformação das lembranças traumáticas. De forma revolucionária ajuda a libertar a mente, o corpo e a abrir o coração. É uma forma de ver a conduta disfuncional, quando se acredita que seja conseqüência de incidentes traumáticos do passado. Quando identificados de forma sábia e hábil podem ser processados e integrados, o que resulta em condutas apropriadas e funcionais.” (Parnell, 1997:39).

Histórico

Em 1987, Francine Shapiro, então doutoranda em Psicologia, caminhava pelo parque da cidade de Los Gatos, na Califórnia, quando notou que seus pensamentos perturbadores começaram a desaparecer. Ao tentar pensar novamente neles, percebeu que não a incomodavam como antes. Ela observou que quando o pensamento perturbador lhe vinha à mente, seus olhos começavam a mover-se rapidamente. Os movimentos oculares afetavam os pensamentos em sua mente. Ao tentar retomar os pensamentos perturbadores, parecia que eles tinham perdido muito de sua carga negativa.

Após esse evento, ela começou a seguinte experiência: deliberadamente pensava sobre coisas perturbadoras do passado ou do presente enquanto movia os olhos. Todas as vezes que fez isso, a perturbação cessou. Decidiu, então, conferir se o procedimento funcionava com outras pessoas e experimentou com seus amigos. Pedia que eles seguissem os movimentos de seus dedos, como uma forma de ajudá-los a manter os movimentos oculares, enquanto pensassem no que os perturbava. Depois de aplicar o procedimento em mais de setenta pessoas, Francine confirmou que o processo podia dessensibilizar os pensamentos perturbadores.

Assim, a partir de suas observações, a Dra. Shapiro desenvolveu o método ao qual batizou de EMD – Eye Movement and Desensitization. Mais tarde, aperfeiçoou o método e expandiu o conceito para EMDR –Eye Movement Desensitization and Reprocessing – para incluir o conceito de reprocessamento, além da dessensibilização. A psicóloga estava convencida de que os movimentos oculares podiam processar as lembranças traumáticas, libertando a pessoa para desempenhar condutas mais adaptativas e funcionais (Parnell, 1997:39).

Em 1998, a Dra. Shapiro aplicou o novo método em 22 voluntários – veteranos da Guerra do Vietnã, vítimas de estupro ou de abusos sexuais – que tinham sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Metade do grupo recebeu uma sessão de EMDR e à outra (grupo de controle) foi pedido apenas que contasse o trauma em detalhe. O grupo submetido ao EMDR apresentou melhoras significativas. O grupo de controle não. Por questões éticas, depois repetiu-se o procedimento com o grupo de controle. Nas averiguações ocorridas no primeiro e no terceiro mês após o tratamento, todos os pacientes tinham mantido os resultados positivos da sessão de EMDR (Parnell, 1997:40).

Como funciona o EMDR?

Há várias hipóteses que explicam como o EMDR funciona, mas nenhuma foi completamente confirmada. O método não consiste apenas no emprego de movimentos oculares. Trata-se do resultado do trabalho de profissional clínico devidamente capacitado e certificado pelo EMDR Institute, nos Estados Unidos. O EMDR é um procedimento complexo que exige o conhecimento da história clínica do paciente, um diagnóstico apropriado e o desenvolvimento de relação de confiança entre terapeuta e cliente.

A pesquisa dos Movimentos Oculares Rápidos (REM), que ocorrem durante o sono, é relevante para esclarecer o êxito do EMDR. Estudos demonstram que todos processamos as experiências do dia durante as etapas do sono REM. Em situações normais, o cérebro “revisa” as experiências do dia, processa-as e arquiva as lembranças em um enorme banco de dados cerebrais. No entanto, quando temos alguma experiência traumática, parece que o cérebro não consegue processar o evento e o incidente permanece aprisionado em uma espécie de “nó neurológico”. É possível que os pesadelos sejam tentativas fracassadas do cérebro no sentido de processar essas lembranças traumáticas.

Quando pedimos ao cliente que se lembre de alguma situação traumática e promovemos a estimulação bilateral (ocular, auditiva ou tátil), o cérebro recebe a ajuda necessária para finalmente processar o fato e arquivá-lo de forma adaptativa. Perde-se, assim, a carga negativa associada à situação. Com freqüência, recuperam-se lembranças positivas vinculadas ao trauma, recordações que até então não eram percebidas.

Muitas pessoas têm a sensação de que a lembrança negativa finalmente ficou no passado e não se sentem mais incomodadas ao se recordarem dela. Após o processamento de uma experiência de abuso sexual, por exemplo, uma cliente disse: “ainda dói um pouco, mas já não fere como antes”.

O processamento acelerado da informação a um nível adaptativo (SPIA)

Dra. Shapiro desenvolveu o conceito do processamento acelerado da informação (SPIA) para explicar os efeitos rápidos do tratamento que ela observou com os clientes.

A título de ilustração, quando uma pessoa tem uma experiência traumática do tipo “t” pequeno (uma humilhação na escola que provocou uma fobia social) ou “T” grande (cenas de morte, guerras, acidentes de carro, violência urbana, estupro, etc.), essas lembranças ficam aprisionadas em uma rede neurológica exatamente como aconteceu – as imagens, o gosto, o cheiro, os sons e as crenças – permanecem congeladas no tempo, dentro do corpo e da mente. O cérebro dispõe de um sistema de processamento da informação que mantém o equilíbrio emocional, mas quando há um trauma, o sistema se trava e pode causar uma série de sintomas típicos do estresse pós-traumático (Parnell, 1997:54-55).

Com o intuito de iniciar o processamento, o terapeuta pede ao cliente para trazer à mente alguma lembrança ou pesadelo, uma imagem real ou imaginária, uma sensação corporal ou um pensamento. Ao aplicar estimulação bilateral, ativa-se a rede onde ficou presa a lembrança e restaura-se a capacidade de processamento. Isso permite a busca de informações em outras redes neurológicas onde a pessoa pode encontrar o que precisa para compreender o que lhe aconteceu. As duas redes – onde está arquivado o trauma e onde estão as informações úteis à compreensão – conectam-se pelo que se chama “processamento acelerado de informação”.

Cada série de movimentos continua liberando a informação perturbadora e acelerando a elaboração dessas lembranças e imagens por meio de um caminho adaptativo até que os pensamentos, sentimentos, imagens e emoções tenham se dissipado e sejam espontaneamente substituídos por uma atitude positiva (Parnell, 1997:55).

Informação para o cliente

É importante esclarecer que o EMDR não é um tipo de hipnose e que a pessoa pode solicitar a interrupção dos movimentos a qualquer momento. A Dra. Shapiro diz que “quando a informação é integrada de forma positiva e resolvida de forma adaptativa, sempre estará disponível para ser usada no futuro. O EMDR não tira nada que o cliente precise, nem lhe provoca amnésia” (Parnell, 1997:72).

Um dos princípios fundamentais da terapia com EMDR reside no fato de que os seres humanos tendem ao equilíbrio físico e mental. O objetivo do EMDR é remover o bloqueio causado pelas imagens, crenças e sensações corporais negativas e permitir que a pessoa recupere seu estado normal de saúde emocional (Parnell, 1997:72)

Em apresentação pública, a Dra. Shapiro indagou: “se o corpo humano tem a capacidade de se curar das feridas físicas com relativa rapidez, por que não a mente?”. A terapia com EMDR ajuda a mente a se recuperar.

O terapeuta que emprega o método do EMDR deve ser certificado por meio do EMDR Institute, nos Estados Unidos. Essa certificação somente é possível depois de concluído o treinamento básico, que consiste em duas etapas, bem como a posterior supervisão de casos. Todo o processo de treinamento só é reconhecido oficialmente quando ministrado por treinadores credenciados pelo EMDR Institute.

O profissional capacitado deve saber lidar com situações de catarse, já que muitas das lembranças traumáticas estão ligadas a situações de sofrimento emocional e, às vezes, dor física. Pessoas com problemas físicos crônicos ou gravidez devem informar essas condições ao terapeuta, para que possam ser tomadas as devidas precauções.

O processamento mental continua após o término da sessão. É importante a pessoa anotar o que acontece de relevante nesse período, seus sentimentos, emoções, lembranças, para que esse material emergente sirva de base para o trabalho da sessão seguinte.

Se tiver dúvida sobre o que está acontecendo, o cliente deve contatar seu terapeuta. Normalmente pedimos ao cliente que se permita um tempo livre após a sessão, a fim de aproveitar mais o processamento.

PARNELL, L . Transforming trauma. New York, Norton, 1997.

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