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Campinas, São Paulo, Brazil
Psicólogo Clínico Junguiano com formação pela Unicamp, terapia corporal Reichiana, Hipnoterapeuta com formação em Hipnose Ericksoniana com Stephen Gilligan.E outras formações com Ericksonianos: Ernest Rossi, Teresa Robles, Betty Alice Erickson. Formação em Constelação Familiar Sistémica pelo Instituto de Filosofia Prática da Alemanha. Uma rica e inovadora terapia divulgada em toda Europa. Professor de Hipnoterapia, além de ministrar cursos de Auto-conhecimento como Eneagrama da Personalidade e Workshop de Constelação Familiar Sistémica em todo o Brasil. Clínica em Campinas-SP. Rua Pilar do Sul, 173 Chácara da Barra. Campinas-SP F.(19) 997153536

Uma relação de ajuda

Como é bela, intensa e libertadora é a experiência de se aprender a ajudar o outro. É impossível descrever-se a necessidade imensa que têm as pessoas de serem realmente ouvidas, levadas a sério, compreendidas.
A psicologia de nossos dias nos tem, cada vez mais, chamado a atenção para esse aspecto. Bem no cerne de toda psicoterapia permanece esse tipo de relacionamento em que alguém pode falar tudo a seu próprio respeito, como uma criança fala tudo "a sua mãe.
Ninguém pode se desenvolver livremente nesse mundo, sem encontrar uma vida plena, pelo menos...
Aquele que se quiser perceber com clareza deve se abrir a um confidente, escolhido livremente e merecedor de tal confiança.
Ouça todas a conversas desse mundo, tanto entre nações quanto entre casais. São, na maior parte, diálogos entre surdos.
Paul Tournier.

sábado, 18 de setembro de 2010

Adolescente. ausência paterna. Campinas

A sociedade destina muito pouco espaço à figura paterna em relação ao cuidado com os filhos, seja na sua atuação diante da família e na socialização dos seus membros.

Em virtude da nova organização do núcleo familiar burguês, onde a educação de seus membros ficou sendo exclusiva dos pais, e não mais da sociedade. Onde a mulher ficou sendo responsável pela educação dos filhos, cabendo também o controle da sexualidade, e ao pai coube o papel de provedor da família, além de exercer sua autoridade.

Podemos entender que, enquanto o pai exerce seu papel como provedor da família, sua relação com seu filho se torna mais distante afetivamente, e com isso ocorre uma barreira para a comunicação e demonstração de afeto.

O distanciamento afetivo do pai, com seu silêncio, e mutismo, devem ser entendidos pelos vínculos relacionados também com seus pais, e com o nascimento de seu filho, isto é como ser pai. Parseval mostra que o precário envolvimento do papel masculino no nascimento do filho, deve ser entendido por ser apenas o genitor, e mesmo com isso nunca tem a certeza de sua condição de pai.

E continua o autor, dizendo que em nossa sociedade o útero é o principal vetor da gestação, e que após a participação ao pai com o esperma, ao longo da gestação a importância do pai é reduzida, cabendo-lhe apenas a espera.

Segundo Trindade e Bruns (1999), assim como na gestação, e depois a amamentação do bebê, o homem também é excluído, criando um silêncio que se instaura no que se refere à participação, e que será quebrado, timidamente, quando o bebê tiver com seus dois ou três anos de idade.

De acordo com essas autoras, os conceitos de maternidade e paternidade são construídos culturalmente, em razão do processo social de construção da identidade de gênero do homem e da mulher, que internalizam funções diferentes, e que acabam por ser considerados naturais, havendo uma tendência a tornar natural a intimidade feminina e o afastamento masculino.

A vivência dos meninos em relação à intimidade sem dúvida reflete-se no modo de se tornarem adultos diante da paternidade, ao contrário das mulheres, os futuros pais tornar-se-ão distantes dos filhos, por não ter aprendido a vivenciar relações de intimidade com seus pais. Quanto aos aspectos psicológicos, Nolasco, acredita que dada a trajetória da construção da própria masculinidade, muitos homens ainda têm dificuldades para expressar e vivenciar sua afetividade. Porque se refere à identificação do pai com seu filho e também com seu próprio pai, o avô de seu filho e o pai acaba transferindo para os filhos muitos de seus anseios e fantasias.

Podemos observar que a figura paterna é muito importante para o desenvolvimento da personalidade do adolescente, e a sua ausência tanto a nível físico como emocional pode trazer danos ao desenvolvimento psicológico do adolescente.

E em nossa realidade social, tem mostrado a ausência paterna com um fator muito comum na atualidade, com a divisão de papeis, onde o homem ainda continua delegando à mulher a educação dos filhos criando uma distância afetiva, pelas condições de trabalho e quanto ao crescente número de separações conjugais.

Um pai ausente ou psicologicamente fraco, causará danos à identidade genital do filho, e que este terá dificuldade em assumir-se como homem. A ausência paterna em nossa sociedade tem se tornado muito freqüente, e que essa falta deixa profundas marcas no ego da criança.

Segundo Corneau, quando um menino não possui um pai em quem possa se apoiar, em vez de desenvolver sua identidade positiva em relação ao pai, ele a desenvolve negativamente contra a mãe. O pai ajuda o filho a construir uma identidade interna, porque sua presença permite que ele tenha acesso a agressividade, a afirmação de si mesmo, tornando-se mais seguro de sua própria identidade.

Ele ainda diz que, uma identidade paterna negativa, causa uma desordem interna, que pode ir de um sentimento superficial de confusão até a desorganização mental, em virtude desse enfraquecimento interno, os homens vão tentar, por compensação, suprir a falta estruturando-se a partir do exterior.

Segundo Corneau, as crianças que não conheceram limites impostos pelo pai irão procurá-los em tudo, e com freqüência os encontrarão numa prisão.

O adolescente infrator sente o pai como ausente, e sente um desejo real de matá-lo. É devido ao fato de o pai simbólico estar ausente que o adolescente busca inconscientemente o juiz, com a esperança, de tornar-se vivo. O juiz pode, muitas vezes, modificar e orientar, ajudando-o a resgatar a possibilidade de encontrar uma lei, e a conviver em uma sociedade onde existem regras.

Quando falamos de ausente paterna, querendo dizendo não apenas no sentido físico (morto por desastre ou ausente por causa do divórcio dos pais), mas principalmente sua ausência afetiva na vida intrapsíquica do adolescente.

A falta do terceiro na relação com a criança e/ou adolescente impele o mesmo à delinqüência e ao cometimento de ato infracional. Cabendo a presença paterna a função de capacitar a criança a ter domínio da realidade, de não praticar o incesto, de não matar, de não roubar e aceitar que não pode fazer tudo que deseja sem conseqüências.

Toda lei, de alguma forma é frustrante, principalmente quando vem de fora, e é sentida pelo adolescente de maneira mais violenta, porque ocorreu tardiamente em seu desenvolvimento psíquico. Pois nesse caso não é mais o pai que impõe o limite, mas o juiz, e de forma mais severa, submetendo-o a medidas socioeducativas, tais como; advertências, obrigações de reparar o dano causado, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida e internação em estabelecimento educacional. Causando no adolescente uma frustração, decorrente de uma repressão educativa, que tem por finalidade impedir a liberação de seus impulsos agressivos.

O adolescente que comete infrações apresenta tendências destrutivas. São crianças que não puderam contar com os pais, esperam que a sociedade de alguma forma as proteja, mesmo que para isso tenham que cometer uma infração, denunciando que precisam de ajuda.

Com isso, podemos entender que quando o adolescente abandona sua casa, ele parte para sua jornada iniciática, para reconhecer o pai, para tornar-se homem. E com isso busca se identificar no pai coletivo, na sociedade, com homens que julgam fortes, como por exemplo, os traficantes, e ao entrar no grupo de delinqüentes.

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